A criação de um enorme santuário em Gênova, na Itália, fez parte do mesmo movimento de descontinuidade dos sepultamentos em cemitérios e criptas que deram origem aos grandes cemitérios parque de Paris e Londres.
Em 1804, Napoleão, então responsável pelo norte da Itália, aprovou o Édito de Saint-Cloud. Logo após a epidemia de cólera em 1835, quando as igrejas começaram a remover corpos das catacumbas sobrecarregadas e novos cemitérios foram criados no espaço urbano, planos foram feitos para que um cemitério monumental fosse criado.
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Foi então criado o Cemitério Monumental de Staglieno, popular e de grande valor histórico não só pelas grandes personalidades que ali repousam, mas, acima de tudo, aos seus vários monumentos escultóricos e arquitetônicos que compartilham a mesma área criando uma harmonia variada.
Embora ainda inacabado, o cemitério foi oficialmente inaugurado em 1° de janeiro de 1851. Giovanni Battista Resasco foi incumbido de dar continuidade ao projeto original do arquiteto Carlo Barabino (1768-1835). A arquitetura do cemitério revela o mesmo estilo neoclássico de muitas construções genovesas representativas desse período, como o Teatro Carlo Felice e o Palazzo dell’Accademia.
A planta original é quadrangular; ao longo dos anos o cemitério alargou-se para incluir uma vegetação envolvente, criando uma fusão pitoresca com o ambiente natural. As linguagens artísticas de mais de um século, do Neoclassicismo ao Realismo, passando pelo Simbolismo, Arte Nova, Art Déco e assim por diante, estão ali expostas. Nietzsche, Guy de Maupassant, Mark Twain e Isabel da Baviera (a famosa Imperatriz Sissi, da Áustria) são alguns dos muitos grandes estudiosos históricos e literários, viajantes, artistas e filósofos que ficaram profundamente fascinados pelo Staglieno e deixaram testemunhos escritos de suas impressões.
Uma das esculturas que mais chamam atenção no cemitério é o monumento fúnebre horripilante chamado “Eternal Drama” (Drama Eterno), que representa uma verdadeira história macabra, a tentativa fútil da vida para escapar do inevitável abraço da morte. O escultor Giulio Monteverde esculpiu, nesta escultura, o contraste entre a sensualidade da bela jovem que representa a vida (parada no momento em que, cansada de lutar em vão, está prestes a entregar-se ao terrível espectro que a escolheu como presa) e a rígida impassibilidade da Morte, que se apodera dela.
