“Paolo Maldini é uma lenda”. A descrição de apenas uma linha utilizada na final da Liga dos Campões 2007 é, sem dúvida, a única maneira de descrever ex-jogador italiano. Depois de uma carreira vitoriosa que se estendeu por mais de vinte anos, Maldini é certamente um dos maiores jogadores que só atuaram por um único time.
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Para falar de Maldini, devemos primeiro relembrar o começo de sua carreira. Com dez anos, Paolo entrou para o time juvenil do Milan. Poucos anos depois ele faria sua estreia na Serie A como substituto contra a Udinese, com apenas dezesseis anos. Seria a sua única participação na temporada 1984/5, mas um ano mais tarde ele já se tornaria titular dos Rossoneri.
Talvez um dos melhores modelos de Paolo para sua carreira foi seu pai, Cesare Maldini, também um ex-jogador do Milan. Em 1986, Cesare foi nomeado técnico da Seleção italiana sub-21, muito para a vantagem de Paolo. Maldini jogou sob comando de seu pai por dois anos, fazendo 12 jogos e marcando 5 vezes, um número alto para um zagueiro.
O primeiro troféu de Maldini pelo Milan foi o Scudetto de 1988 (Serie A). Depois de anos da dominância da Juventus de Michel Platini e o ressurgimento de Roma e Napoli, o Milan se transformava em uma máquina. Com Franco Baresi e Alessandro Costacurta, o Milan começaria a impor-se no futebol italiano, vencendo de forma invicta a temporada 1991-2. Os Rossoneri ainda venceriam a Liga dos Campeões de 1989 e 1990, um dos poucos clubes a vencerem duas edições seguidas.
Após muito sucesso inicial, os primeiros anos de Maldini teriam a desilusão de perder o título da Liga dos Campeões de 1993, mesmo de forma controversa, para os franceses do Marseille por 1 a 0.
“Ele tinha uma presença maravilhosa, espírito competitivo, era atlético e, embora não tenha sido o melhor do mundo tecnicamente, influenciou todas as equipes do Milan durante sua maravilhosa e bem-sucedida era”. – Sir Alex Ferguson
A próxima temporada proporcionaria o terceiro gosto da glória europeia para Maldini, a Liga dos Campeões de 1994. Ao lado de Panucci, Costacurta e Tassoti, o Milan forjou um dos melhores sistemas defensivos do futebol moderno, bem como meio-campo e ataques fortes com jogadores como Marcel Desailly, Roberto Donadoni e Dejan Savicevic. Seus oponentes? O Barcelona “de ouro” de Guardiola, Koeman, Stoichkov e Romário.
O Milan de Fabio Capello venceria por 4 a 0 com um desempenho amplamente considerado como um dos maiores de todos os tempos. Maldini aos 26 anos já era um dos jogadores mais conhecidos da Europa e parte de um seleto grupo a ganhar três Ligas dos Campeões.
Na segunda metade da década de 90, o principal time italiano voltaria a ser a Juventus, quando chegaram às finais de 1996 e 1997 da Liga das Campeões, vencendo em 1996 contra o lendário Ajax. Maldini naquela altura já estava no Milan há mais de 10 anos. Ele ainda ganharia mais duas Serie A (1996 e 99) durante um período mais turbulento e continuaria seu bom futebol, além de jogar regularmente pela Itália.
“Maldini é o símbolo do Milan. Ele traz continuidade e representa o antigo e o moderno”. – Gianni Rivera.
Pela Itália, Maldini participou de 126 jogos em 14 anos (1988-2002) e marcou 7 gols. Depois de fazer sua estreia na seleção principal com apenas 19 anos, o zagueiro participou de oito torneios importantes sucessivos. Depois de ser eliminado em duas semifinais seguidas (Euro ’88 e na Copa do Mundo de 1990), Maldini chegaria ao ponto máximo de sua carreira: A final da Copa do Mundo de 1994, contra o Brasil. Infelizmente para ele, a Itália voltaria pra casa com a medalha de prata.
Depois de 1994, a seleção Italiana sofreria quando o pai de Maldini, Cesare, assumiu o time. Embora não seja uma queda gigante, a Itália seria eliminada pela França na Copa do Mundo de 1998 nas quartas de final. Os italianos ainda chegaria a final da Euro 2000, contra a mesma França. O destino parecia querer que Maldini levantasse a taça, mas o gol de empate de Sylvain Wiltord aos 49 do segundo tempo e o gol de ouro de David Trezeguet eliminaram a glória italiana e continuaram o domínio dos franceses.
Após a desilusão da Euro 2000, os jornais davam como certa a transferência de Maldini para o Chelsea, dizendo que seu contrato com o Milan não havia sido renovado. No entanto, apesar do interesse, Maldini continuaria a jogar pelos rossoneri no meio de uma nova era do domínio milanista. O time, capitaneado por Maldini, era formado por nomes como Shevchenko, Seedorf, Gattuso e Pirlo, ganharia a Liga dos Campeões de 2003 (sua 4ª) e a Serie A 2004 (sua 7ª).
Seriam penalidades que determinariam a próxima grande final de Maldini, a final da Liga dos Campeões de 2005 contra o Liverpool de Steven Gerrard. O jogo ficou famoso pelo empate do Liverpool após estar perdendo de 3 a 0. Apesar do gol de Maldini no primeiro minuto e mais dois gols de Hernán Crespo, um inspirado Gerrard levou os Reds ao empate e nas penalidades o Liverpool levou a melhor, vendendo por 3 a 2. Maldini falou sobre o desapontamento do resultado e descreveu-o como o pior momento de sua carreira.
No entanto, dois anos depois, o Milan de Maldini realizaria uma revanche contra o Liverpool e venceria na final da Liga dos Campeões de 2007, em Atenas. Era a quinta e última vez em que Paolo Maldini levantaria a taça da Liga dos Campeões.
“Ele tem algo que ninguém mais tem, ele tem uma cabeça forte. Paolo é como metal, ele nunca diminui o ritmo, adora treinar e jogar”. – Alessandro Nesta
Após 24 anos de serviço, 902 jogos oficiais, 33 gols e 26 grandes troféus, Paolo Maldini se tornou uma lenda na história do Milan. Para muitos ele será lembrado como o maior lateral esquerdo/zagueiro dos últimos 30 anos e talvez o maior jogador a não vencer uma Copa do Mundo ou um grande troféu internacional. Seu legado é o de um jogador comprometido, cuja leitura do jogo é certamente incomparável por qualquer outro jogador. Para o Milan, seu número “3”, foi aposentado com a condição de que apenas seus filhos estariam autorizados a usá-la algum dia. Como sugere este artigo, é pela sua carreira no Milan que ele deve e certamente será sempre lembrado, um capitão que nunca esqueceremos.