Muhammad Hassan. Este é um nome que poucos lembram, mas um talento que ninguém esquece. Hassan impressionava a qualquer pessoa que trabalhava no wrestling e todos sabiam que ali estava um futuro ícone.
Sua gimmick, um árabe-americano que se sentia injustiçado e discriminado após os ataques de 11 de setembro, tirava vaias de todos na arena. Seu carisma e suas habilidades não deixavam a desejar e eram uma das melhores na época.
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Hassan teve grande destaque após sua estreia, criticando a forma como os Estados Unidos tratavam os árabes e muçulmanos na época, aparecendo constantemente em shows principalmente para interromper promos, o que fazia dele um wrestler diferente, por não se influenciar em outros ícones.
Ele estava cada vez mais over, chegando a ter uma breve rivalidade com Hulk Hogan. É, não era qualquer um que podia ter uma rivalidade com o imortal Hogan. Hassan também chegou a derrotar Batista e com certeza víamos um futuro campeão mundial ali. Eis que Hassan começa sua rivalidade com The Undertaker (idealizada pelo próprio Undertaker, que foi um dos treinadores de Hassan no início).
Em julho de 2005, Teddy Long marca Hassan vs. Undertaker para o The Great American Bash, mas naquela noite, Daivari (manager e tradutor de Hassan) deveria enfrentar o Deadman. Daivari foi derrotado rapidamente, mas após a luta Hassan apareceu. Ele se ajoelhou na rampa e fez um tipo de oração, enquanto cinco homens mascarados apareceram e atacaram Undertaker.
Os homens vestiam roupas típicas de soldados iraquianos. Eles tinham alguns bastões e cordas e dominaram Undertaker. Hassan foi ao ringue e colocou Undertaker no ‘Camel Clutch‘, enquanto os homens ajudavam Daivari. O segmento acabou e até tudo estava bem. Três dias depois, horas antes do episódio ir ao ar, houve o ataque a cidade de Londres. Sem tempo para editar o show, a UPN exibiu o segmento, mas com diversos avisos para demonstrar o kayfabe da situação.
O trecho que parecia inocente, teve uma repercussão enorme em vários programas e jornais. Em resposta a isso, a UPN proibiu que Hassan aparecesse no show da semana seguinte ao acontecido. Hassan fez uma promo ao vivo no dia 14 de julho, numa gravação da Smackdown, mas quando a UPN anunciou que o segmento seria cortado, a WWE decidiu coloca o vídeo em seu site.
No segmento, Hassan respondeu as críticas e afirmou que estava ali para se defender do terrorismo e da injustiça. Hassan falou sobre todos que falaram mal dele e chegou a deixar seu personagem durante a promo. Essa promo também teve grande repercussão e a WWE colocou um trecho dela durante outro SmackDown, explicando a ausência de Hassan.
No final de julho, a UPN pressionou a WWE para tirar Hassan do show e ele foi oficialmente removido do SmackDown. Hassan perdeu para o Undertaker no Great American Bash e foi demitido em setembro daquele mesmo ano. Após isso, apenas cinco anos depois Hassan voltou a lutar. Talvez essa seja uma das maiores perdas para a WWE, que colocava muita fé no talento dele.
Após sua saída da WWE, ele deixou de lado sua carreira como wrestler e se concentrou em seus estudos. Ele se formou em ciências políticas e filosofia na State University of New York em Albany e, posteriormente, obteve um mestrado em administração pública pela Syracuse University.
Além de sua carreira acadêmica, Hassan também trabalhou como professor e consultor político. Em 2016, ele concorreu a um cargo político nas eleições estaduais de Nova York, mas não conseguiu ser eleito.
Desde então, Hassan se manteve afastado do wrestling profissional e tem se concentrado em sua carreira acadêmica e política. Em entrevista, chegou a dizer que demorou dez anos para superar sua saída do wrestling profissional. Ele ocasionalmente aparece em eventos de luta livre hoje em dia, mas apenas em participações especiais e sem retornar à carreira em tempo integral.