No inverno de 1959, um grupo de nove experientes esquiadores, liderados por Igor Dyatlov, embarcou em uma trilha nos Montes Urais, na Rússia. Eles estavam bem preparados para as condições rigorosas, mas o que ocorreu durante a expedição no local hoje conhecido como Passo Dyatlov, permanece um dos mistérios mais desconcertantes da história.
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O grupo partiu em 23 de janeiro de 1959, com o objetivo de alcançar o Monte Otorten. Eles estavam entusiasmados e tinham o equipamento necessário para uma aventura em clima frio. As montanhas nos Montes Urais, no entanto, eram conhecidas por seu clima implacável e terreno desafiador.
Os esquiadores não eram novatos; todos eram estudantes ou formados no Instituto Politécnico de Ural (atual Universidade Técnica do Estado de Ural), e seu líder, Igor Dyatlov, era um experiente amante da natureza. Eles eram apaixonados por explorar a natureza selvagem, e essa expedição deveria ser tanto uma aventura desafiadora. Tão desafiadora que eles não imaginavam o desfecho de sua jornada, que viria de forma abrupta na costa leste da montanha Kholat Syakhl, a “Montanha dos Mortos“. Desde então, o passo de montanha onde o incidente ocorreu é chamado de Passo Dyatlov.
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A jornada
À medida que o grupo avançava mais profundamente a região, eles registravam meticulosamente seu progresso em diários e câmeras. Seus diários detalhavam os desafios cotidianos e as alegrias de sua jornada, até o momento em que algo deu terrivelmente errado.
Quando os esquiadores não retornaram no horário previsto, uma equipe de busca foi enviada. O que eles encontraram foi desconcertante e perturbador. As tendas do grupo haviam sido rasgadas por dentro, e o acampamento estava em desordem, sugerindo uma fuga frenética. É um mistério profundo a escolha do local para as barracas. É incomum que uma equipe tão experiente escolhesse um local tão perigoso para acampar, quando poderiam ter encontrado um local muito melhor a apenas 2 km de distância.
Uma razão provável que poderia ter desencadeado tanto pânico seriam os ataques de animais. No entanto, nenhuma evidência desse tipo foi encontrada. Outro mistério é por que a equipe nunca tentou acender um fogo, mesmo tendo os recursos e tempo para fazê-lo.
Quando o resgate chegou, os primeiros corpos descobertos estavam espalhados na neve, alguns vestindo apenas roupas íntimas, e muitos tinham ferimentos inconsistentes com acidentes de caminhada comuns. Alguns mostravam sinais de graves lesões internas e fraturas, como se tivessem sido submetidos a uma pressão extrema, com uma vítima com crânio fraturado e duas com costelas partidas. Estranhamente, uma delas estava sem língua, e algumas exibiam contaminação por radiação.
As teorias
O incidente do Passo Dyatlov gerou uma infinidade de teorias, nenhuma das quais oferece uma explicação definitiva. Aqui estão algumas das teorias mais proeminentes:
1. Avalanche: Uma teoria inicial sugeria que uma avalanche atingiu o acampamento, levando os estudantes a fugir em pânico. No entanto, essa teoria foi contestada porque as lesões das vítimas não correspondiam ao que seria esperado em uma avalanche.
2. Envolvimento militar: Dada a sensibilidade da região durante a Guerra Fria, alguns especularam sobre a atividade militar na área. No entanto, há evidências limitadas para apoiar essa teoria. Uma delas é de que há registros de bombas aéreas sendo testadas pelos militares russos na área na época em que os alpinistas estavam lá.
3. Paradoxo do desnudamento: Alguns pesquisadores propõem que um fenômeno conhecido como paradoxo do desnudamento poderia explicar por que alguns alpinistas foram encontrados sem roupas adequadas. Em casos de frio extremo e hipotermia, as pessoas podem sentir uma sensação de superaquecimento e remover suas roupas, o que acaba agravando sua exposição.
4. Ataque animal: Outra teoria sugere um encontro com um animal grande e agressivo, como um urso ou um urso-pardo siberiano, poderia ter desencadeado o caos. Isso poderia explicar as lesões das vítimas e a fuga frenética da tenda.
5. Infrassom: Alguns pesquisadores especularam que o infrassom, que está abaixo da faixa de audição humana, poderia ter induzido sentimentos de medo e pânico entre os esquiadores. Em montanhas russas ou em ambientes naturais, o infrassom pode ser gerado por diversos fatores, como ventos fortes, quedas d’água, atividade geotérmica ou até mesmo terremotos. Embora não possamos ouvir esses sons, nosso corpo pode sentir as vibrações causadas pelo infrassom, e isso às vezes pode criar sensações misteriosas ou até mesmo desencadear reações emocionais incomuns nas pessoas.
A conexão com o Yeti
Entre as teorias, existe uma mais exótica – o envolvimento do “Yeti” ou “Pé Grande“. As montanhas dos Montes Urais têm sido associadas a histórias dessas criaturas lendárias. Embora essa teoria careça de base científica, ela reflete o mistério duradouro da região.
O documentário “Russian Yeti: The Killer Lives“, produzido pelo Discovery Channel em 2014, investigou a teoria de que o grupo de Dyatlov pode ter sido atacado por um Yeti russo. O programa parte da ideia de que os ferimentos nos corpos dos esquiadores eram tão graves que apenas uma criatura com força sobre-humana poderia causá-los. Os defensores dessa teoria apontam para pegadas gigantes próximas às barracas, que não foram mencionadas nos registros oficiais do caso.
Além disso, a descoberta de que as barracas foram rasgadas de dentro para fora, e os exploradores estavam sem roupas sugerem uma fuga em pânico. Outros detalhes misteriosos incluem rasgos nas barracas voltados para a floresta, que indicaria que eles tentaram observar algo que estava ali. Os locais já avisavam sobre os perigos da área, afirmando que os enormes homens espíritos na floresta que não gostam daqueles que destroem a natureza. O exército russo também conduziu uma missão nas proximidades para investigar a existência de Yetis antes da expedição dos estudantes. Embora haja várias correlações intrigantes, não existem evidências conclusivas que confirmem essas alegações.
A investigação
As autoridades soviéticas conduziram uma investigação minuciosa do incidente. Suas descobertas foram inconclusivas e, em alguns casos, contraditórias. Embora alguns alpinistas tenham morrido de hipotermia, outros tinham ferimentos traumáticos que não podiam ser explicados por um único acontecimento.
Em 2018, os corpos das vítimas foram exumados para realizar exames médicos póstumos mais detalhados. Os exames revelaram que as lesões sofridas pelas vítimas eram consistentes com trauma de alta energia, mas ainda não forneceram uma explicação clara. Em fevereiro de 2019, as autoridades russas anunciaram a reabertura oficial da investigação sobre o incidente do Passo Dyatlov. A Procuradoria Geral da Rússia esperava que as tecnologias modernas e novas abordagens pudessem lançar luz sobre o caso após mais de 60 anos.
Novas análises de fotografias tiradas pelos próprios alpinistas antes de sua morte foram realizadas. As fotos revelaram detalhes intrigantes, incluindo imagens do acampamento antes do incidente e da tenda rasgada. No entanto, essas imagens não forneceram respostas definitivas. Investigações científicas e simulações de avalanches foram conduzidas para determinar se uma avalanche poderia ter sido responsável pelo incidente. As simulações sugeriram que uma avalanche não era a causa provável das mortes e dos danos à tenda.
Uma teoria recente propôs que um forte evento de vento catabático, que é um vento descendente acentuado nas encostas das montanhas, poderia ter causado o pânico e as lesões nas vítimas. No entanto, essa teoria também permanece como uma especulação. Equipes de investigação realizaram várias reconstruções de cenários para tentar entender como o incidente pode ter ocorrido. No entanto, essas reconstruções ainda não conseguiram fornecer uma explicação convincente.
A aplicação de técnicas forenses avançadas, como análises isotópicas de tecidos e radiografia de corpos, foi realizada para obter mais informações sobre a saúde e a exposição dos esquiadores antes de suas mortes. Exames detalhados das roupas e equipamentos dos esquiadores foram realizados para entender como eles podem ter reagido às condições extremas e aos elementos naturais naquela noite fatídica, mas não obtiveram resultados conclusivos.
O incidente do Passo Dyatlov permanece um enigma não resolvido. Apesar de investigações e inquéritos, as circunstâncias das mortes dos estudantes continuam um mistério. As teorias abundam sobre o acontecido no Passo Dyatlov, mas a verdade permanece elusiva, envolta nos mistérios gélidos das montanhas russas.
